Em Inglaterra não se brinca; o fair-play financeiro influencia diretamente o que se passa em campo e os clubes não podem passar os limites.
O Leicester City, campeão da Premier League em 2016, enfrenta dias difíceis. A despromoção ao Championship, o segundo escalão do futebol inglês, não foi fácil de digerir, mesmo tendo em conta que em Inglaterra praticamente qualquer clube pode ser despromovido. Mas agora que os “foxes” estão na luta pela promoção e regresso à Premier League, surge a notícia que ensombra a próxima época. As alegações podem afetar as odds de futebol e deixar os adeptos apreensivos. Segundo o jornal The Sun, citado pelo Notícias ao Minuto, vários clubes da Premier League e do Championship acreditam que o Leicester ultrapassou o limite de perdas de 105 milhões de libras (122 milhões de euros) nas últimas três épocas, o que pode resultar em perda de pontos na próxima época.
Nottingham Forest já penalizado
Já o Nottingham Forest, atualmente treinado por Nuno Espírito Santo, já foi afetado por estas regulamentações e foi penalizado em quatro pontos, à data de redação deste artigo, tendo até 25 de março para recorrer da decisão. Quatro pontos que serão fundamentais na luta para fugir à despromoção; o histórico clube bicampeão europeu (1979 e 1980) caiu automaticamente para baixo da “linha de água” com esta perda administrativa de pontos. As odds de que venha a ser despromovido ao Championship cresceram consideravelmente.
Regras de fair-play financeiro: como funcionam?
De uma forma geral, as regras de fair-play financeiro mandam que os clubes não possam gastar mais do que ganham e não mantenham dívidas de forma permanente e sem perspetivas de as regularizar. Estas regras, contemporâneas da Grande Recessão e da crise económico-financeira que lhe esteve associada (nomeadamente associada ao crédito fácil), visa evitar que clubes se endividem acima das suas possibilidades e ganhem, com isso, vantagens indevidas em campo. As odds de termos resultados desvirtuados e clubes falidos baixaram drasticamente desde então.
Premier League nas preferências dos apostadores portugueses
Note-se que, apesar da polémica, será possível fazer apostas online no clube durante o campeonato, pois o Leicester continuará a participar normalmente. E é altamente provável que muitos portugueses queiram apostar nos seus jogos. Já com três décadas de existência, a Premier League inglesa foi construída em cima de uma cultura futebolística forte e descentralizada (herdada do futebol inglês tradicional) e as suas regras de controlo igualitário e fair-play contribuíram para construir o melhor campeonato nacional de futebol do mundo. Se durante algum tempo se alimentou a rivalidade entre as ligas inglesa e espanhola, os problemas do Barcelona e a debilidade geral dos clubes médios espanhóis “devolveu” à Premier League a proeminência. Nenhuma outra liga oferece níveis tão consistentes de espetáculo, qualidade futebolística e imprevisibilidade como o futebol inglês. As odds de apostas são sempre extremamente equilibradas, na generalidade dos jogos – mesmo tendo em conta o recente domínio do Manchester City, nas últimas épocas.
Talvez por isso não surpreenda que esta seja a liga nacional preferida dos apostadores portugueses. De acordo com o relatório trimestral do SRIJ (Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos) relativo ao último trimestre de 2023, a competição preferida dos portugueses para calcular odds e fazer apostas foi a Liga dos Campeões, com 10,2% do total de apostas; logo a seguir veio a Premier League, com 10,1% do total. Já a Liga Portuguesa, apesar da proximidade e do natural conhecimento que os apostadores dela têm, recebeu “apenas” 9,9% do volume de apostas.
Só depois vêm as ligas espanhola e italiana que recebem, somadas, 13,5% das apostas em futebol.